1. O que é o colesterol?
O colesterol é um lípido fundamental para o corpo: compõe membranas celulares, é precursor de hormonas e da vitamina D e participa na produção de ácidos biliares. Como é insolúvel em água, circula no sangue ligado a partículas chamadas lipoproteínas.
2. Tipos principais: LDL, HDL, não-HDL e triglicéridos
- LDL (low-density lipoprotein): transporta colesterol do fígado para os tecidos. Em excesso, facilita a formação de placas nas artérias. É frequentemente chamado de “mau colesterol”.
- HDL (high-density lipoprotein): remove colesterol dos tecidos e leva-o de volta ao fígado para eliminação. É o “bom colesterol”.
- Colesterol não-HDL: cálculo simples (total – HDL) que engloba todas as partículas potencialmente aterogénicas (LDL, VLDL, IDL). É um marcador prático de risco.
- Triglicéridos: forma de armazenamento de energia. Valores elevados costumam indicar excesso calórico, álcool, açúcares simples ou resistência à insulina.
3. Valores de referência práticos
As metas variam conforme o risco individual definido pelo seu médico. Como orientação geral:
| Parâmetro | Objetivo comum | Observações |
|---|---|---|
| LDL | < 100 mg/dL (baixo/moderado risco); metas mais baixas em alto risco | Em risco elevado pode-se apontar < 70 mg/dL; muito alto risco pode exigir metas ainda menores. |
| HDL | > 40 mg/dL (homens) | > 50 mg/dL (mulheres) | Subir HDL depende sobretudo de estilo de vida (exercício, peso saudável, parar de fumar). |
| Não-HDL | < 130 mg/dL (baixo/moderado risco) | Meta costuma ser 30 mg/dL acima do alvo de LDL. |
| Triglicéridos | < 150 mg/dL | Melhoram muito com perda de peso, menos açúcar/álcool e mais atividade física. |
Nota: Siga sempre as metas personalizadas indicadas pelo seu médico.
4. Como interpretar o seu exame
- Passo 1: verifique o LDL e/ou não-HDL — são os melhores alvos para redução de risco.
- Passo 2: analise triglicéridos. Se elevados, pense em açúcares/álcool, peso e resistência à insulina.
- Passo 3: observe HDL; use-o como marcador de estilo de vida (não é alvo primário).
- Passo 4: discuta fatores de risco adicionais (pressão alta, tabaco, diabetes, história familiar, idade).
5. Alimentação que ajuda a baixar o LDL
- Padrão mediterrânico/DASH: vegetais, fruta, leguminosas, cereais integrais, azeite virgem extra, frutos secos e peixe.
- Mais fibra solúvel: aveia, cevada, leguminosas, maçã, citrinos — ajuda a “capturar” colesterol no intestino.
- Gorduras de qualidade: troque manteiga e natas por azeite; privilegie peixe gordo 2–3x/semana (salmão, cavala, sardinha).
- Limite: ultraprocessados, charcutaria, fritos, pastelaria, molhos prontos e excesso de sal e açúcar.
5.1. Trocas inteligentes
| Em vez de | Prefira | Benefício |
|---|---|---|
| Manteiga | Azeite virgem extra | Perfil de gorduras mais favorável |
| Enchidos/queijos curados | Peixe, frango, leguminosas | Menos sal e gorduras saturadas |
| Farinha branca | Integrais (aveia, centeio, arroz integral) | Mais fibra, melhor saciedade |
| Snacks doces/salgados | Fruta + frutos secos sem sal | Menos açúcar e aditivos |
6. Triglicéridos altos: o que fazer
- Reduza bebidas açucaradas, sobremesas e farinhas refinadas;
- Modere ou evite álcool;
- Perda de 5–10% do peso pode normalizar triglicéridos;
- Caminhadas após refeições ajudam na glicemia e nos triglicéridos.
7. Exercício: quanto e como
- Aeróbio: 150–300 min/semana de intensidade moderada (ou 75–150 min vigorosa);
- Força: 2–3 sessões/semana (maiores grupos musculares);
- Quebre o sedentarismo: levante-se a cada hora; 2–5 min de movimento contam.
8. Estilo de vida que protege o coração
- Parar de fumar: melhora HDL e reduz drasticamente o risco cardiovascular;
- Gestão do stress: respiração lenta, mindfulness, contacto com a natureza;
- Sono: 7–9 horas/noite, horários regulares, ecrãs desligados 60 min antes de dormir.
9. Medicação e acompanhamento
Em alguns casos, mudanças no estilo de vida não bastam para atingir as metas. O seu médico pode indicar fármacos (p. ex., estatinas ou outros). Nunca inicie, ajuste ou interrompa medicação por conta própria. Avaliações periódicas definem a estratégia mais segura e eficaz.
10. Exemplo de plano semanal simples
- Seg–Sex: 30–45 min de caminhada rápida + 10 min de alongamentos;
- Ter/Qui/Sáb: treino de força 20–30 min (peso corporal/elásticos);
- Diário: ½ prato de hortícolas, fruta 2–3x, leguminosas 3–4x/semana, peixe 2–3x/semana;
- Domingo: planeie e cozinhe em lote; prepare snacks saudáveis (fruta, iogurte natural, frutos secos).
11. Perguntas frequentes
11.1. O ovo aumenta o colesterol?
Para a maioria das pessoas saudáveis, consumo moderado de ovos pode integrar uma dieta equilibrada. O padrão alimentar global é o que mais pesa.
11.2. Posso tomar suplementos para baixar o colesterol?
Alguns suplementos podem ajudar em casos específicos, mas não substituem dieta, exercício e, quando indicado, medicação. Fale com o seu profissional de saúde.
11.3. É preciso jejum para o exame?
Muitos laboratórios já aceitam análises sem jejum para o perfil lipídico, mas siga as instruções do seu laboratório/médico.
12. Sinais de alerta — procure ajuda urgente
- Dor/pressão no peito com irradiação para braço, costas ou mandíbula;
- Falta de ar, sudorese fria, náuseas, tonturas intensas;
- Fraqueza súbita, dificuldade na fala ou visão (sinais de AVC).
13. Conclusão
Entender o colesterol e agir nos fatores que pode controlar — alimentação, movimento, sono, stress e, quando necessário, medicação — reduz significativamente o risco cardiovascular. Pequenas mudanças consistentes produzem grandes resultados ao longo do tempo.
Conteúdo informativo. Procure avaliação personalizada com o seu médico e nutricionista.